Leite de animais A2A2: O planejamento vem antes da ação

Todo direcionamento genético deve estar pautado nos objetivos do rebanho

Foto: Divulgação/Alta Gentics

Ao longo de várias décadas a Alta Genetics acompanhou grandes mudanças na evolução das raças leiteiras. A central passou a ter vacas mais produtivas e saudáveis, gerando mais renda às fazendas de criação de gado de leite.
Mais recentemente, uma característica de seleção que tem chamado muito a atenção é a Beta-Caseína, informada na prova de praticamente todos os touros do mercado. Em relação às informações de valores genéticos, essa é uma característica considerada recente. Porém, muitos produtores passaram a considerá-la como critério de compra de sêmen, à procura de touros A2A2.

Entenda a Beta-Caseína A2A2

Quando analisados os componentes do leite, 80% da proteína é composta por Caseína, sendo dividida em Alpha, Beta e Kappa. A Beta-Caseína (β-caseína) representa 30% da proteína total do leite de vaca. Pode estar presente através dos alelos A1 ou A2 e geneticamente os animais podem ser A1A1, A1A2 ou A2A2.

O tipo de caseína produzido dependerá da genética de cada animal. Todas as fêmeas de espécies mamíferas, entre elas as humanas, as cabras, as búfalas, as éguas e as camelas, produzem apenas a β-caseína A2. Mas, por causa de uma mutação genética ocorrida há aproximadamente 10 mil anos, algumas vacas passaram a produzir a β-caseína A1.

Estudos mostram que a frequência do alelo A2 nas raças taurinas é mais baixa. Das mais conhecidas, a raça Jersey seria uma exceção, onde 75% dos animais apresentam o alelo A2. Já nas raças zebuínas, a frequência deste alelo é bem maior. Na raça Gir, por exemplo, estudos apontam números acima de 90% de animais com genótipo A2A2.

Diferença entre os alelos A2 e A1

Vários estudos mostram que no processo digestivo do leite, a ação das enzimas intestinais sobre a beta-caseína A1 libera um composto que, segundo pesquisas recentes, pode causar desconfortos abdominais em indivíduos sensíveis. O que não ocorre quando o leite A2 é ingerido.

Muito importante dizer que isso não significa intolerância a lactose. A lactose é um carboidrato e a beta-caseína A1 é uma proteína. Apesar de virem do mesmo alimento e possuírem reações muito parecidas, como desconforto abdominal, cólica e diarreias, são assuntos diferentes quando é abordada a intolerância a lactose ou alergia a proteína do leite, no caso a beta-caseína A1.

A intolerância a lactose ocorre quando um organismo não está apto a digerir a lactose por causa da ausência total ou parcial da lactase, enzima específica para este fim. Ou seja, é diferente de dizermos que a pessoa tem alergia a proteína do leite. Como a lactose é um carboidrato, não há possibilidade de uma pessoa desenvolver alergia à lactose.
Segundo as pesquisas de epidemiologia, apenas 5% da população mundial é acometida pela intolerância a lactose, onde somente testes laboratoriais, devidamente solicitados por médicos ou nutricionistas irão atesta-la.

Foto: Divulgação/Alta Genetics

Seleção genética para A2A2

Através do melhoramento genético é possível evoluir em produção de leite, de sólidos, conformação em geral, características de saúde e reprodutivas. A velocidade desta evolução dependerá, entre outras, da herdabilidade de cada característica e da intensidade de seleção.

É também através da genética que é formado um rebanho de vacas A2A2. Neste caso, o tempo para atingir os 100% de vacas de leite A2A2 dependerá do que já existe na fazenda. Primeiro, é necessário que conhecer o genótipo para β-caseína de cada animal, através de testes genômicos e só depois direcionar os acasalamentos com touros que possuem o alelo A2.

Todo direcionamento genético deve estar pautado nos objetivos do rebanho. Além disso, a genética tem um efeito permanente no plantel e não tem como voltar atrás. Por exemplo, ao selecionar fortemente para A2A2, também poderia estar perdendo oportunidades em méritos genéticos de real e expressivo valor econômico, como PTA Leite, Vida Produtiva (PL), taxa de prenhes das filhas (DPR) e outras mais, ao limitar o extenso leque de opções genéticas.

Em resumo, é importante definir um Plano Genético sólido, de acordo com os objetivos econômicos de cada propriedade. Buscando, assim, constantes evoluções no que realmente seja necessário. Produzir leite de animais A2A2 pode, com toda certeza, também estar entre estes objetivos.

Fonte Alta Genetics, com edição de Bianca Sandrine | Lance Rural

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