Soja e Milho 2024: Tendências, Preços e Riscos Climáticos

Mudanças nas áreas de plantio, riscos climáticos e disputas de mercado prometem influenciar fortemente as cotações e estratégias de produção

O agronegócio está em constante transformação, e 2024 promete ser um ano significativo para os mercados de soja e milho. Analisamos as principais tendências e previsões que influenciarão os custos de produção e as cotações desses importantes insumos para as rações animais.

Alterações nas Áreas de Plantio nos EUA e Brasil

Nos Estados Unidos, a tendência é uma redução na área de milho e um aumento na área de soja. A previsão é de um aumento de 5% na área de soja, com potencial para uma colheita recorde de 122 milhões de toneladas. Esta mudança é impulsionada pela margem de lucro negativa do milho nos últimos dois anos, contrastando com uma leve margem positiva da soja.

No Brasil, a situação é similar. Os produtores estão reduzindo a área de milho e aumentando a de soja. A produção brasileira de soja deve ficar entre 145 e 147 milhões de toneladas em 2024. No entanto, com a confirmação do fenômeno La Niña a partir de junho, há expectativas de boas produtividades, podendo até alcançar uma safra recorde, como aconteceu no último ano de La Niña (2022-2023), quando foram colhidas 154 milhões de toneladas.

Impactos Climáticos e Riscos

A América do Sul, que responde por 56% da oferta mundial de soja, enfrenta riscos climáticos significativos com a La Niña. Estima-se que 22% da produção mundial de soja esteja sob risco de seca, afetando principalmente o sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Esse cenário de incerteza tende a influenciar os preços futuros, com um prêmio de risco climático sendo adicionado às cotações.

Preços e Exportações

Os prêmios nos portos brasileiros estão em alta, deixando de ser negativos e tornando-se positivos a partir de junho, com tendência de elevação dos preços da soja e do farelo de soja entre abril e novembro. Contudo, a depender do resultado da safra americana, esses preços podem voltar a declinar.

Para o milho, a expectativa é de uma safra total brasileira de 111 milhões de toneladas, significativamente abaixo das 131 milhões de toneladas do ano passado. A redução de 12% na área de verão e de 8-8% na área da segunda safra contribuem para essa diminuição. Mesmo sem grandes quebras na segunda safra devido ao La Niña, a produção será menor, impactando o mercado interno e as exportações.

Disputa Interna e Competitividade

Com uma demanda interna robusta, o Brasil enfrenta uma disputa entre o consumo interno de rações e etanol de milho e as exportações. A demanda potencial de soja soma 139 milhões de toneladas, mas a oferta não deve ultrapassar 112 milhões. Essa disputa tende a elevar os preços, tornando o milho brasileiro caro em relação aos concorrentes e limitando sua competitividade no mercado internacional.

Perspectivas de Mercado

No mercado de Chicago, o milho apresenta um viés altista no médio e longo prazo, impulsionado pelas safras menores no Brasil e nos Estados Unidos, além do risco climático associado ao La Niña. Já para a soja, o viés é de baixa no curto prazo, com a possibilidade de recordes de safra nos EUA e América do Sul pressionando os preços.

Em resumo, 2024 será um ano desafiador e dinâmico para os mercados de soja e milho, com influências significativas das decisões de plantio, condições climáticas e disputas de mercado. Produtores e investidores devem estar atentos às tendências e prontos para adaptar suas estratégias conforme o cenário evolua.

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