Punto Final conquistou título inédito para o país e criadores internacionais disputam seu sêmen
COMPARTILHE NO WHATSAPP
Punto Final conquistou prêmio inédito para o país e criadores internacionais disputam seu sêmen
Punto Final durante a Expointer (Foto: ZZN Peres/Divulgação)
Na última sexta-feira, dia 9 de março, o mundo reconheceu o touro brasileiro Punto Final como o melhor do mundo. Menos de uma semana depois, esse reconhecimento já começa a mudar o destino da Cabanha Santa Helena, localizada no município de Bagé (RS) e de propriedade do pecuarista Pedro Obino Neto e de sua mãe Vorgia Obino, responsáveis pela produção e criação do reprodutor. O título mundial inédito conquistado pelo animal da raça Braford abriu oportunidades no mercado internacional e deu visibilidade para a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB).
Após receber a premiação, a procura pelo sêmen do TE 1044 Punto Final só cresce e desperta o interesse de outros países. Pedro Obino já analisa pedidos vindos dos Estados Unidos, Uruguai e Argentina. “A visibilidade do nosso trabalho passou a ser mundial. Mudamos de patamar. Passamos agora a iniciar os processos para exportação. Nem imaginava isso há alguns meses atrás e agora olha onde estamos”, conta ele, que mencionou ainda já ter deixado Punto Final na CRIO – Central Genética Bovina de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul – para coleta.
E apesar do título mundial ter vindo como uma surpresa, a aposta no sucesso do touro Punto Final já era uma realidade. Em 2016, ele foi colocado para representar a Cabanha Santa Helena na Expointer e conquistou a posição de primeiro reservado campeão. “Vejo Punto Final como um animal realmente de exceção na raça, universal, que encaixa em qualquer rodeio”, completou Pedro.
Filho de Kachapé com mãe Pitangueira H40, Punto Final tem hoje três anos completos e pesa 1058 quilos. Na disputa final pelo prêmio mundial teve como adversários um animal dos Estados Unidos e outro da Austrália. Em 2015 e 2016 os títulos foram para a Argentina com os touros Mansión A6167-TE e Chaña Payé, respectivamente.
O Prêmio Mundial é conferido pela entidade internacional United Braford Breeder, que há quatro anos promove a competição para eleger o melhor touro do mundo. A edição deste ano aconteceu durante o Congresso Mundial, no Texas, nos Estados Unidos. O Congresso Mundial é realizado a cada triênio e sua primeira edição aconteceu em 2000, aqui no Brasil. Em 2003 teve sua sede na Argentina, seguida por Austrália (2006), Uruguai (2009), Paraguai (2012) e África do Sul (2015).
Esta é a primeira vez que um touro brasileiro chega a este nível no cenário internacional. O CEO da ABHB, Fernando Lopa, disse que um título deste é de suma importância para os criatórios de Braford e Hereford no Brasil. “É um reconhecimento do trabalho de excelência que os criadores têm feito por mais de 30 anos selecionando a raça. Com certeza, abre os olhos do mercado também norte-americano, do mercado mexicano, da América Central, para esses animais que nós temos de uma seleção diferenciada. Mais de 40 anos de programa de melhoramento genético, mais de 23 anos testando o Braford junto com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em prol da avaliação de animais somente a campo”, confirmou Lopa, que também esteve presente durante a premiação.
Cabanha Santa Helena
A criação de animais do pecuarista Pedro Obino Neto e de sua mãe Vorgia Obino completa neste ano duas décadas, mas a seleção de Braford é recente. A Cabanha Santa Helena foi criada há sete anos, e desde seus primeiros animais o melhoramento genético foi colocado como primordial na escolha da formação do rebanho.
A base genética da Cabanha Santa Helena foi formada por vacas importantes dos principais criatórios brasileiros e de animais importados da Argentina. E, em pouco tempo, os produtos desenvolvidos foram reconhecidos no mercado. No ano passado, além de Grande Campeão da Expoinel, Punto Final ficou em segundo lugar no Ranking Nacional e o criatório foi reconhecido como Melhor Expositor Nacional de Animais Rústicos, e campeão das etapas da Expointer e Bagé.
O pecuarista Pedro atribui o crescimento rápido de seu plantel ao sistema de transferência de embrião. “A transferência de embriões permite este atalho. Como a base do plantel é de doadoras superiores, nos permitiu este êxito”, ressaltou.
Atualmente a cabanha conta com um plantel de 3 mil animais e em três anos a intenção, segundo Pedro, é que todos sejam crioulos do criatório.