Você sabe como os criatórios escolhem os nomes de seus animais?

O Lance Rural foi atrás de algumas fazendas para saber de onde vem tanta criatividade

Ao olhar um catálogo de leilão de animais, você já se deparou com algum nome diferente e ficou perguntando a si mesmo como o criatório chegou àquela decisão? Para acabar com todo esse mistério, o Lance Rural conversou com a Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (ABCZ) e, também, com algumas fazendas para saber como é feito o processo de escolha desses nomes e de onde vem tanta criatividade.

Para fazer o registro do animal na ABCZ, o criador tem liberdade de escolha, mas é necessário que alguns critérios sejam observados. Os nomes não podem ser extensos demais e são vetados aqueles que possam ofender ou levar a interpretações de duplo sentido, por exemplo, além de outras exigências.

Para os pecuaristas, entre os fatores que podem influenciar o nome de batismo do animal está a própria origem da espécie, que no caso do Nelore provém da Índia e chegou ao Brasil ainda no século XX. Jacy Aparecida de Fátima, responsável pela parte administrativa da Fazenda do Sabiá, diz que, geralmente, o criatório utiliza dicionários de várias línguas para tomar uma decisão, dando prioridade aos nomes indianos justamente por isso, apesar de não ser mais tão rigoroso.

“Normalmente, procuramos ver o significado e fazemos um estudo do nome. A consulta hoje é mais fácil com a internet. Mas, antes, pedíamos para as pessoas que viajavam trazerem dicionários para nós”, conta.

Elcio Rideyuki, da Fazenda Valônia, conta que, por lá, tudo funciona com base na criatividade da equipe e que sugestões são sempre bem-vindas. Em alguns casos, ainda, é possível seguir uma ordem alfabética anual. “Cada ano, algumas vezes, procuramos utilizar de uma a duas letras do alfabeto para conseguir um bom nome para os animais”, diz. “Por último, avaliamos as escolhas, tanto para machos como para fêmeas, e registramos”.

E não para por aí. Assim como outros criatórios, a Valônia também leva em consideração as características do animal, adaptando o nome conforme os traços do zebuíno.

Por fim, Renan Silva Salomão, funcionário das Fazendas do Basa, explica que o criatório procura por nomes de cidade e países para batizar seus animais, e leva em consideração também as famílias as quais pertencem.

“Buscamos caprichar na hora da escolha e evitamos nomes compostos ou no diminutivo. Nomes próprios também não gostamos de colocar, já que podem coincidir com o de alguém ligado à fazenda, por exemplo”, conta Renan.

O registro na ABCZ

De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (ABCZ), o Regulamento do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ) determina que todo animal, ao ser inscrito, tem direito a um nome de livre escolha do proprietário. Contudo, o criador que desejar usar afixo (prefixo e/ou sufixo) deve submetê-lo à aprovação da ABCZ.

Além disso, há um limite de caracteres estabelecido, o qual não pode exceder 32 dígitos, incluindo letras, afixos e intervalos entre palavras. Quanto às restrições, a Associação estabelece que “não são aceitos os nomes considerados obscenos ou vulgares, cujas significações tenham duplo sentido ou se prestem a falsas interpretações, bem como nomes que estejam acompanhados ou precedidos de sinais de exclamação ou interrogação, ou até mesmo que afetem crenças religiosas ou políticas. Ao fim, são vetados também nomes de animais que adquiriram notoriedade devido ao desempenho de suas progênies ou por atuação destacada nas pistas de julgamento”.

Em caso de alteração do nome, o proprietário pode fazer o pedido desde que o animal não tenha filhos portadores de Registro Genealógico de Nascimento (RGN) nos arquivos do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ). Na mudança, porém, deve-se preservar a existência de afixos.

Por Eduarda Araújo | Canal Rural

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